Opinião, Contos & Crônicas

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Bilhete para o Inferno!
por: Grazy Nazario
26/06/2013

Possibilitar aos cidadãos o direito de reivindicar seus direitos e melhorias diante de qualquer serviço público é o principio da democracia, e faz parte do processo de construção de uma sociedade critica e consciente de seus direitos e deveres.  Nas ultimas semanas foi possível acompanhar este processo de perto, após o reajuste no transporte publico de algumas cidades do país foram iniciados uma onda de protestos. Enquanto os órgãos responsáveis alegam estar agindo de acordo com as leis, a população não satisfeita com as mudanças prossegue com suas manifestações e tudo indica que ainda existirão alguns confrontos até um acordo efetivo acontecer.

Enquanto os protestos acontecem e assistimos as guerras cotidianas pela televisão, a vida real acontece no dia a dia das pessoas que precisam do transporte publico diariamente. Estes entre os 3,7 milhões de pessoas que circulam diariamente pelos 70,6 quilômetros de extensão da  malha metroviária, são estas as pequenas “formiguinhas” que sofrem com a super lotação, lentidão, aperto, etc. E alem de todas estas maravilhas precisa apelar para seus santos e orações quando se inicia uma greve, por que quando isto acontece, nem sentado ou em pé, simplesmente ninguém chega a lugar nenhum!  

Quanto aos usuários, são pessoas que deixam suas casas para se aventurarem em um transporte publico desumano, que não visa conforto, praticidade e nem de longe preserva o bom humor dos passageiros, é como um bilhete para o inferno que se é obrigado a comprar e agradecer.

Os números são assustadores, e as “vítimas” do transporte público de São Paulo já se acostumaram a sofrer, pois não tende a reclamar por melhorias, só se sentem lesados quando lhe tiram alguns centavos a mais, enquanto o seu material de trabalho (corpo e mente) já chega exausto ainda no inicio do expediente, cansado de ficar de duas a três horas tentando chegar ao seu destino.  Sem mencionar quando este “infeliz” tenta usar um carro, além de custar mais caro, o sofrimento pode ser pior, afinal estamos falando sobre de umas das maiores extensões de congestionamentos do mundo.

Os trabalhadores que movimentam a economia da maior cidade do país, sede da abertura da Copa de 2014, vivem um absoluto caos urbano ignorado por políticos e vivenciado arduamente por seus usuários descrentes de melhorias, se vendo apenas na obrigação de pagar seus aumentos que em nada garantem um padrão mínimo de qualidade. Enquanto o aumento das passagens acontece de acordo com as leis e respeitando a inflação anual, o salário do trabalhador e contribuinte, o tal que sustenta e usufrui das mazelas do sistema permanece com reajustes irrisórios.

O fato é que para efetivar grandes transformações são necessários alguns sacrifícios, pois infelizmente alguns órgãos públicos brasileiros ainda encaram como favor o que devem fazer por obrigação. E mais uma vez sofremos com violências e depredações, e é claro que quem perde e paga a conta são os contribuintes e frequentadores do metro, ônibus, e vias publicas.

Meio a tantos protestos e reivindicações que se estendem por cidades brasileiras, é preciso que as pessoas sejam tratadas com dignidade, e que sejam reconhecidas como peça fundamental para a locomotiva econômica e social do país. As reivindicações devem proceder não apenas priorizando o preço das passagens, mas principalmente exigindo qualidade de transporte para a garantia do direito de ir e vir. Os políticos precisam levar o Brasil e os brasileiros a serio, e trabalhar de verdade, parar de empurrar com a barriga situações que dependem de quem se propôs a resolver problemas e é remunerado para isto.

Texto por: Grazy Nazario.



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