Opinião, Contos & Crônicas

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Carnaval - Cadê Pierro, Arlequim e Colombina?
por: Grazy Nazario
12/03/2014

Enfim o carnaval se encerrou, e junto o fim das desculpas com os estudos, trabalhos e projetos, também com esta data festiva considerada tão brasileira, desordeira e preguiçosa, se vão as parafernálias que já se infiltraram em nosso cotidiano devido a grande festa. Agora podemos dizer que o Brasil terá o seu inicio de ano, que o progresso se encaminhará e que como alguns acreditam, o país continuará o seu crescimento.

Diante de tantas questões comuns e corriqueiras que nos acostumamos a ouvir, e algumas vezes concordar outras não, pergunto. O que é o carnaval no Brasil? Qual a sua finalidade cultural? E de que forma o brasileiro usa isto a seu favor?

Questões assim são clássicas, e responder de varias formas a cada uma dessas perguntas, no entanto o que a maioria dos brasileiros diria é: Não pergunte nada. Relaxa e aproveita.

A partir disso se tem uma resposta direta, o brasileiro não se importa com muitas questões, nem quanto a cultura, idealismo ou imagem exterior ou mesmo progresso coletivo, agem como se isso não modificasse em nada a sua vida. As pessoas em sua maioria aprenderam a se entorpecer de alguma forma e “curtir”. Carnaval de modo geral tornou-se beber até cair, praticar o sexo sem compromisso e não ter limites para o que se deseja. Lembrando que isso pode e é feito durante qualquer época do ano, a diferença é que no carnaval isto tudo é “legalmente” liberado pela sociedade, que “permite” certa promiscuidade, é a alforria temporária dos moralistas sem moral, é a tal hipocrisia que já conhecemos de outros carnavais!

O carnaval surge neste cenário como um meio de fuga, assim é como se o crescimento, a imagem do Brasil no exterior, relações politicas, educação e tantos outros problemas fosse surreal, digno apenas das capas de jornais e revistas e “coisas bonitinhas” para aparecer na televisão, é como se ninguém tivesse nada a ver com isso. O brasileiro se acostumou a viver num mundo de ilusão criado por ele mesmo, mais um modo de se entorpecer e não enxergar que cada ato do presente, constrói o presente de amanha. A ordem é curtir apenas.

Assim a festa popular nas grandes cidades tornou-se uma maquina do capitalismo em pleno funcionamento, que busca a cada ano superar o faturamento anterior, nem que para isso se condene ao fim raízes culturais, valores coletivos, entre outras benfeitorias de se viver em sociedade. A briga pelo ego cresce a cada minuto, o individual é glorificado e a beleza de uma grande festa se resume em caçar celulite em pessoas que se propõe a serem tratadas como “mercadoria” da beleza.

O que aconteceu com o Pierrot, Arlequim e Colombina? O que aconteceu com a Arte no Carnaval? Talvez fora vendida em alguma liquidação de fantasias e memórias esquecidas! Ou esteja em algum lixo ou entulhos dos carnavais passados, o fato é que pouco se ouve falar da cultura que envolve o carnaval, fala-se muito na indústria que se tornou usar fantasias caríssimas, trio elétricos milionários, salões que cobram fortunas e outras tantas comemorações.

Claro que ainda existem os blocos carnavalescos de cidades que praticam a festa como um meio de praticar seus meios culturais e artísticos, estes tantos espalhados pelo Brasil em sua maioria fazem a folia a partir de historias teatrais e de folclore local, e a seu modo fazem a festa valer a pena.

O fato é que não é pecado ter lucro com o carnaval, se divertir, ou aproveitar à sua maneira o longo feriadão, é bom fazer uso do que se tem direito, e isto inclui o descanso merecido, no entanto é primordial não se esquecer dos valores, sejam culturais, morais ou ideias. A ingenuidade do teatro carnavalesco não pode se perder entre a gana capitalista e a negação da realidade, que a alegria prossiga, real como deve ser. 

Por: Grazy Nazario. MTB. 74588/SP.



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